Após Marcus Holanda dizer que pagou irmã de desembargador, Eurípedes Jr tenta retomar comando do PROS

Em conversa gravada, atual presidente do partido disse que fez pagamentos picados

Após Marcus Holanda dizer que pagou irmã de desembargador, Eurípedes Jr tenta retomar comando do PROS
Presidente afastado do PROS, Eurípedes Júnior, entrou nesta quinta (4) no Supremo Tribunal Federal (STF) para retomar o cargo. Na quarta-feira (3) à noite, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) reverteu uma decisão da própria corte e devolveu a direção do Pros a Marcus Holanda.

O atual presidente do Pros, Marcus Holanda, disse, em conversa gravada, que fez pagamentos à irmã do desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF), Diaulas Costa Ribeiro. O magistrado deu voto favorável à colocação de Holanda no comando da sigla.

No áudio, divulgado primeiro pela Folha de São Paulo, Marcus Holanda diz ter feito pagamentos picados à advogada Raquel Costa Ribeiro, irmã do desembargador.

“Ninguém sabe, nem o Amauri [advogado do Pros] sabe. Eu nunca falei nem vou falar”, afirma Holanda na conversa, que estava sendo gravada. Uma mulher pergunta “ela recebeu?”, ao que ele responde “recebeu sim; ‘chu,chu,chu’”. A mesma mulher, pergunta se o pagamento foi picado e Holanda confirma que sim e continua dando detalhes. “Não adianta te falar que vou mandar R$ 250 mil porque eu não consigo mandar porque estou devendo já muita coisa que ficou definida e a gente não pagou. Esses R$ 500 mil do DF foi para ajudar a pagar, você já sabe. Quem e o que”, disse Marcus Holanda.

A gravação levanta suspeitas de que negociações em dinheiro possam ter influenciado na decisão do TJ-DF que colocou Holanda no comando do Pros, por meio da sentença favorável de Diaulas. O voto do desembargador foi seguido por outros dois colegas do Tribunal.

Agora, a defesa de Eurípedes Junior, fundador da sigla, tenta recorrer da decisão. “Não é aceitável que no estado democrático de direito seja mantido um acordo produzindo efeitos, quando é evidente o impedimento do relator e nulidade do acordo em razão de tratativas, negociatas e pagamentos realizados com a irmã do relator. (…) Nós vamos buscar rever esta decisão ainda hoje”, afirma, ao Jornal Opção, Bruno Pena, advogado que obteve liminar autorizando o retorno de Eurípedes Jr ao comando do Pros, no último domingo. A liminar foi suspensa nesta quarta-feira, 3, devolvendo a sigla à gestão de Holanda.

Disputa interna

O posto de comando do PROS vem sofrendo reviravoltas ao longo desta semana, mas a disputa já acontece há meses. Holanda passou a presidir o partido depois que, em março, o fundador da sigla, Eurípedes Jr., foi afastado pela decisão do TJ-DF. Eurípedes havia sido acusado, pelo próprio partido, de lavagem de dinheiro e ocultação de bens. Em abril, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou que o partido devolvesse mais de R$ 11 milhões aos cofres públicos. O Tribunal constatou irregularidades na aplicação do Fundo Partidário.

Com Holanda no comando, o partido fez convenção e lançou a pré-candidatura do coach Pablo Marçal à presidência da república, no domingo. Por outro lado, no mesmo dia, decisão Superior Tribunal de Justiça determinou que Eurípedes Jr. retornasse à presidência da sigla. Sob novo comando, o partido declarou que a candidatura de Marçal cairia e que o pré-candidato Lula seria apoiado. Três dias depois, nesta quarta-feira, 3, o STJ alterou sua própria decisão, e recolocou Holanda no comando.

Por Ângela Moureira e Letícia Brito/ Jornal Opção