As “velhas raposas” preparam a volta ao Legislativo
A nova roupagem das candidaturas de políticos com histórico nada enobrecedor pode confundir o eleitor
Uma pesquisa eleitoral elaborada pela Quaest, a pedido do movimento RenovaBR, revela que 66% dos entrevistados, em um universo de 1544 pessoas, não se lembra em quem votou nas últimas eleições.
Esse dado, aliado à decepção dos eleitores com os políticos eleitos em 2018, deve provocar uma “renovação” no Congresso que eclodirá das urnas em outubro.
Políticos que ficaram nacionalmente conhecidos por motivos nem sempre nobres como Romero Jucá (MDB), Fernando Pimentel (PT), Marconi Perillo (PSDB) e José Roberto Arruda (PL) anunciam que pretendem disputar uma cadeira no Parlamento — e eles têm chances de sucesso.
“Tudo pode ser esquecido” é o que diz o cientista político, Alberto Carlos Almeida. Para ele, o diagnóstico é simples, pois quem não lembra em quem votou não pode acompanhar o trabalho do parlamentar, fiscalizar e realizar cobranças. “Aí está o sonho dourado de muitos: ser eleito, fazer o que quiser e disputar a eleição seguinte como se fosse a primeira”, analisa o pesquisador.
Dessa forma, personagens nem um pouco exemplares têm chances reais de voltar ao cenário político, como mostra uma reportagem de VEJA publicada nesta semana. É o caso de Eduardo Cunha (PTB). Depois de cumprir quatro anos e meio de prisão, dos quinze que foi condenado, ele conseguiu recuperar os direitos políticos na justiça. Embora tenha construído sua carreira política no Rio de Janeiro, Cunha, dessa vez, será candidato por São Paulo.
A diretora-executiva do RenovaBR, Irina Bullara, porém, acredita que o eleitor está mais maduro e não se deixará seduzir por falsos discursos, especialmente em relação à ética. “Renovação não são apenas novos nomes, mas pessoas preparadas e técnicas. O eleitor tem bastante opção e não precisa votar nos mesmos nomes de sempre, velhos conhecidos na sua maneira de fazer política”. é que políticos conhecidos pelo comportamento nada admirável no passado apostam na amnésia eleitoral e na oportunidade de se vestirem de novidade.
Fonte: Revista Veja