Começa a campanha eleitoral; entenda como o jogo dos candidatos muda
Até aqui, candidatos tentaram criar aparências. Agora, entra em cena o corpo-a-corpo, o debate e os projetos
Nesta sexta-feira (16) se inicia oficialmente o período da campanha eleitoral. Candidatos já podem pedir votos expressamente, realizar eventos, caminhadas e carreatas (embora muitos já viessem fazendo isso extra-oficialmente). O marco é importante porque, neste momento, a estratégia muda.
Até agora, os políticos se empenharam principalmente para criar o momento político — aqueles à frente das pesquisas tentaram emplacar o clima de “já ganhou” e os demais, o clima da virada. Na pré-campanha, os candidatos usaram vários artifícios para fabricar essa aparência, como ser visto ao lado de influenciadores políticos.
Jair Bolsonaro é figura que transfere votos em Goiás (segundo levantamento do Opção Pesquisas, o apoio do ex-presidente ao candidato municipal foi considerado desejável por 49,3% dos eleitores de Anápolis). Ele visitou três políticos em Goiás — Márcio Corrêa (PL), em Anápolis, Professor Alcides (PL), em Aparecida de Goiânia, e Fred Rodrigues (PL), em Goiânia. O apoio parece ter funcionado para dois deles — enquanto Alcides está em primeiro nas pesquisas, Márcio Corrêa se aproxima de Antônio Gomide (PT) rapidamente.
Fred Rodrigues, entretanto, ainda tem um caminho a trilhar até se tornar reconhecido como o candidato do bolsonarismo. Muitos, em Goiânia, ainda creem que Gustavo Gayer (PL) é o candidato do ex-presidente; outros pensam que Sandro Mabel (UB) é o candidato de Bolsonaro, pois ambos têm relações antigas, da época de Câmara dos Deputados. Agora, entretanto, Bolsonaro poderá produzir vídeos em apoio a Fred Rodrigues.
Entretanto, com a fase da campanha, o jogo muda. Não basta parecer ser forte nas redes sociais. O corpo-a-corpo entra em cena. As moedas correntes desta fase da campanha são duas: infiltração e volume. Para chegar aos quatro cantos dos municípios, o candidato a prefeito precisa ter infiltração — um exército de líderes comunitários e candidatos a vereador que carreguem bandeiras e número do partido do aspirante a prefeito onde ele não terá tempo de chegar.
O fator infiltração pode explicar a dificuldade de Adriana Accorsi (PT) crescer nas pesquisas de intenção de votos para além da margem de erro de seu eleitorado cativo. Adriana Accorsi tem boa imagem junto ao goianiense, pertence a um partido grande e tem relevância como deputada no Congresso Nacional, mas seu partido tem apenas dois vereadores e sua coligação não extrapola a esquerda. Para levar sua palavra à Goiânia profunda, a candidata deve apertar o paço (e ela parece saber disso, pois seu lançamento de candidatura ocorre na popular região Noroeste).
Além de capilaridade, para ganhar uma eleição majoritária, também é preciso volume — dinheiro para campanha, presença nas ruas, multidão. Em Goiânia, candidatos como Vanderlan Cardoso (PSD) carecem deste volume. Suas primeiras atividades de campanha se assemelham às atividades de pré-campanha: o senador participa nesta sexta-feira do lançamento de candidatos a vereador do PP e PSD. Em sua equipe de marketing, há o receio de que, sem grupo político, o candidato possa aparecer solitário em uma caminhada.
Vanderlan aposta no tempo de TV para suprir as dificuldades da campanha nas ruas. Com o apoio do PP, o tempo do senador cresce em quase um minuto e trinta segundos durante o horário eleitoral gratuito. A propaganda obrigatória na TV e Rádio começa no dia 30, mas, desde já, estão autorizados o impulsionamento e a veiculação das propagandas contratadas pelos partidos.
Na pré-campanha, Sandro Mabel se destacou como o mais ativo dos pré-candidatos, e sua equipe pretende manter a movimentação nesta fase. O candidato corre contra o tempo para se tornar mais reconhecido; ele ainda é reconhecido pelas últimas campanhas para o Legislativo e para o Executivo goianiense, em 1992. A estratégia para espalhar seu nome são os adesivaços e carreatas com participação de políticos da base do governo estadual, como Ronaldo e Gracinha Caiado (UB), Daniel e Leandro Vilela (MDB). Há contratempos, porém.
Para candidatos sem volume ou capilaridade, como Professor Pantaleão (UP) e Matheus Ribeiro (PSDB), cujos partidos não fazem parte de grandes coligações e que não dispõem de muitos recursos para campanha, só há o caminho difícil. Ambos terão de crescer em debates, apresentar propostas chamativas, apontar furos nos planos dos adversários. É um equilíbrio arriscado entre o combativo e o carismático — há o risco de exagerar e se tornar um “Padre Kelmon” local, visto como candidato fake. Mas figuras como Pablo Marçal (PRTB) — goste ou deteste — têm mostrado que é possível para azarões se tornarem favoritos, basta capturar a atenção do eleitor.
Fonte: Jornal Opção