Cuidadora que tentou sacar dinheiro com tio morto é denunciada pelo MP
Erika de Souza Vieira Nunes também passou a ser investigada por homicídio culposo, quando não há a intenção de matar
A cuidadora Erika de Souza Vieira Nunes, de 42 anos, foi denunciada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por vilipêndio a cadáver (tratar de maneira desrespeitosa o corpo) e tentativa de furto mediante fraude. A mulher também passou a ser investigada pela Polícia Civil (PC) carioca pelo crime de homicídio culposo, quando não há a intenção de matar.
Erika foi presa em flagrante após tentar fazer a retirada de um empréstimo de R$ 17 mil com o tio Paulo Roberto Braga, de 68 anos. O caso ocorreu no dia 16 de abril. A mulher teve a prisão convertida em preventiva (sem prazo) durante audiência de custódia.
Além da denúncia, a Promotoria se manifestou contrária a um pedido da defesa de Erika de liberdade provisória na última terça-feira, 30. A defesa informou à imprensa que incluiu dois assistentes técnicos (profissional especializado em psiquiatria forense) que vão produzir um parecer referente à saúde mental de Erika.
Quadro de pneumonia
Em depoimento aos investigadores, Erika afirmou que uma semana antes de ser levado ao banco, Paulo passou mal dentro de casa e foi levado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Bangu, na qual ficou internado por cinco dias com quadro de pneumonia.
A Fundação Saúde, que faz a gestão da UPA, confirmou a versão. Em nota, a entidade disse que o idoso deu entrada na unidade no dia 8 de abril e, após tratamento, teve alta no dia 15 —ou seja, um dia antes de ser levado ao banco.
Ainda no depoimento, Erika disse que Paulo ficou sob seus cuidados após ser liberado pelos médicos. Ela afirmou que costuma cuidar dele pois os dois são vizinhos.
A polícia ainda apura a sequência de fatos até o dia em que o idoso foi levado já morto ao banco. De acordo com a investigação, Erika teria passado em um shopping antes de ir para a agência onde ocorreu o caso, que fica em um calçadão. Lá, teria inicialmente pegado a cadeira de rodas e tentado comprar um celular, além de sacar dinheiro.
Imagens de câmeras de segurança mostram Erika no estacionamento do shopping, que fica ao lado da agência no qual aconteceu o caso. No vídeo, ela desce do carro de aplicativo e coloca o tio na cadeira de rodas com a ajuda do motorista —que ainda não foi ouvido pela polícia.
Ainda em seu depoimento, Erika disse que Paulo “mostrou desejo de retirar o dinheiro [do empréstimo] pois queria comprar uma televisão e realizar uma reforma em sua residência”.
Ela disse também que “seu tio antes de sair de casa e dentro da agência estava consciente, embora debilitado” e que no momento de “receber atendimento que percebeu que seu tio parou de responder”.
Relembre o caso
Um vídeo flagrou o momento em que Erika tentava fazer Paulo, que não tinha reação, assinar um documento para tentar sacar um empréstimo de R$ 17 mil. A gravação foi feita por uma gerente do Itaú Unibanco.
Como o idoso estava sem reação, funcionários do banco desconfiaram da situação e chamaram o Samu, que confirmou que o homem estava morto. O corpo foi levado para o Instituto Médico-Legal. Erika chegou com Paulo ao banco às 13h02, conforme o relógio das câmeras de segurança, e a equipe do Samu foi chamada às 15h, segundo o boletim de ocorrência.
Ao analisar as imagens, a polícia constatou que a mulher chegou ao local em um carro de aplicativo. O motorista, que foi chamado a depor, ajudou Erika a colocar Paulo em uma cadeira de rodas. O motorista diz que foi chamado às 12h26 de terça, 16, e que o idoso já não andava. “Um homem segurava um braço, e Erika, outro”, disse em depoimento à Polícia. Para entrar no carro, uma das filhas de Erika segurou as pernas.
Ele então a deixou no estacionamento do shopping, onde ela pediu uma cadeira de rodas. Esse estabelecimento fica do lado do banco.
Imagens também mostram ela circulando pelo shopping com o idoso, que nas imagens não aparenta estar se mexendo. Imagens de câmeras de rua de Bangu, na zona oeste do Rio de Janeiro, e do banco Itaú mostram Paulo chegando à agência com a cabeça tombada e aparência apática.
Fonte: Jornal Opção