Estudo relaciona aumento de cáries ao uso cigarro eletrônico

Embora sem conclusão, o aerossol do cigarro pode desenvolvendo câncer de boca, diz especialista da UFG

Estudo relaciona aumento de cáries ao uso cigarro eletrônico
Pesquisas iniciais mostram relação de doenças bucal com uso dos dispositivos | Foto: Getty Imagens

O uso do cigarro eletrônico virou questão de saúde pública. De acordo com dados do Ministério da Saúde, divulgados neste ano, mostram que mais de 2 milhões de usuários fazem uso de dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs). A maioria são jovens entre 18 e 24 anos. Nos últimos anos, entidades vêm alertando sobre os perigos dessa nova tendência. Agora, um estudo realizado nos Estados Unidos comprova que o uso do cigarro eletrônico causa cáries. No entanto, para especialista há indícios de desenvolvimento de câncer de boca em usuários destes dispositivos.

Em agosto deste ano, a Fundação do Câncer lançou no Dia Nacional de Combate ao Fumo, lembrando em 29 de agosto. A campanha foi chamada de “Cigarro eletrônico: parece inofensivo, mas não é”. A iniciativa foi um alertar a população jovem sobre os malefícios do fumo. Pesquisadores da Tufts University School of Dental Medicine, dos EUA, relacionam diretamente o uso contínuo de cigarros eletrônicos ao surgimento de cáries e outros problemas odontológicos. O estudo é o primeiro associado ao tema e foi publicado no The Journal of the American Dental.

Embora haja raros estudos voltados para o tema, a professora de Diagnóstico Bucal da Faculdade de Odontologia, da Universidade Federal de Goiás (UFG), Nadia do Lago Costa, destaca que há algumas suspeitas de doenças relacionadas ao cigarro eletrônico e que estão sendo exploradas pelas universidades brasileiras. Dentre as quais, a doença periodontal, que afeta diretamente a parte óssea dos dentes, que pode resultar em câncer de boca.  

“Alguns estudos recentes têm mostrado que o aerossol do cigarro, o cigarro eletrônico, de forma geral alteram a microbiota da cavidade oral. Em especial, aquelas bactérias que são responsáveis pelo desenvolvimento da cárie, que são os Streptococcus mutans. Alguns resultados têm indicado que ele [cigarro eletrônico] abre esse nicho de bactérias oportunistas”, pontua a especialista. Ela frisa que a proliferação dessas bactérias, as Streptococcus mutans, resulta na colonização da cavidade oral e, consequentemente, contribui para o aumento de cáries.

Nadia salienta que estudos mostram os riscos potenciais de cariogênicos do cigarro eletrônico. “É porque tem alguns líquidos aditivos, que têm açúcar no seu constituinte, que é um fator de risco, mas a maioria dos estudos que têm mostrado é neste sentido mesmo, do aumento de bactérias Streptococcus mutans contribuindo com o desenvolvimento da cárie”, frisa.

Estudo americano

A equipe de cientistas averiguou dados de 13 mil pacientes que receberam tratamento nas clínicas odontológicas da universidade, entre 2019 e 2022. A maioria informou não fazer uso dos cigarros eletrônicos. Entretanto, dentre os adeptos, foram observadas diferenças significativas nos níveis de risco de doença bucal.

Cerca de 79% dos pacientes que fumavam cigarros eletrônicos foram classificados como tendo alto risco de cárie em relação a quase 60% do grupo composto por pessoas que não consumiam nenhum tipo de cigarro.

Fonte: Jornal Opção