Guerra Israel-Hamas: Tropas israelenses cercam a Cidade de Gaza

Exército judeu afirma que matou 130 integrantes do grupo extremista Hamas, nesta quinta-feira, e "aprofundou" a ofensiva. Na fronteira com o Líbano, Hezbollah lança foguetes, e tropas israelenses atacam milícia

Guerra Israel-Hamas: Tropas israelenses cercam a Cidade de Gaza
Palestino se desespera enquanto segura os restos mortais da própria mãe envoltos por um cobertor, no campo de refugiados de Bureij - Foto: Mahmud Hams/AFP

As Forças de Defesa de Israel (IDF) finalizaram o cerco à Cidade de Gaza, enquanto prosseguiam os combates com integrantes do grupo extremista palestino Hamas. "Nós atingimos outra etapa importante na guerra. As forças estão no coração do norte de Gaza, operando na Cidade de Gaza. Estamos aprofundando a ofensiva terrestre e suas conquistas", declarou o general Herzi Herzi Halevi, chefe do Estado-Maior do exército israelense. "Estamos lutando, cara a cara, com um inimigo brutal", admitiu.

Por sua vez, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, avisou que nada deterá as tropas de seu país. "Nós estamos no auge da batalha. Tivemos sucessos impressionantes, ultrapassamos a periferia da Cidade de Gaza. Estamos avançando", afirmou. Segundo as IDF, "130 terroristas" foram mortos ontem, durante as operações militares que "alvejaram a infraestrutura do Hamas e destruíram depósitos de armas ao longo de bases operacionais" do grupo. Dezenove soldados israelenses morreram em Gaza.

O Ministério da Saúde palestino, controlado pelo Hamas, anunciou que 27 pessoas perderam a vida durante bombardeios perto de uma escola da ONU no campo de refugiados de Jabaliya. O número de palestinos mortos durante a guerra chega a 9 mil — 3.760 crianças.  

Porta-voz das Brigadas Ezzedin al Qassam, braço armado do Hamas, divulgou áudio em que avisa que "Gaza será uma maldição na história de Israel". "Muitos de seus soldados voltarão em sacos pretos", alertou. Pelo segundo dia, a passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, foi aberta, permitindo que 100 estrangeiros fugissem de Gaza. Na quarta-feira (01), pelo menos 400 civis, entre feridos e com passaporte estrangeiro, tinham deixado o enclave. 

Na fronteira norte, uma barragem de foguetes lançada do Líbano pela milícia xiita Hezbollah, aliado do Hamas, foi respondida com bombardeios por parte de Israel. "Caças e helicópteros (israelenses) atacaram, nas últimas horas, alvos da organização terrorista Hezbollah em resposta aos disparos efetuados hoje a partir do território libanês, juntamente com fogo de artilharia e tanques", informaram as IDF, por meio de nota.

Doze foguetes disparados pelo próprio Hamas atingiram carros e lojas da cidade de Kiryat Shmona, e feriram duas pessoas. O líder do Hezbollah, xeque Hassan Nasrallah, fará um pronunciamento nesta sexta-feira (03) — o primeiro desde os atentados de 7 de outubro, quando 3 mil homens fortemente armados do grupo palestino invadiram mais de 20 kibbutzim, no sul de Israel, mataram 1.400 pessoas (1.008 civis e 332 militares) e sequestraram 242.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu uma pausa humanitária "temporária e localizada" no conflito. A interrupção seria "focada em um objetivo específico ou objetivos, entrada de ajuda humanitária, remoção de pessoas". O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, desembarca hoje em Israel, onde se reunirá com Netanyahu. O chefe da diplomacia de Washington pedirá "mecanismos urgentes" para reduzir as tensões no Oriente Médio e incluirá a Jordânia em seu roteiro. 

Para Efraim Inbar, presidente do do Instituto Para Estratégia e Segurança de Jerusalém, as tropas das IDF terão que entrar, de forma gradual, na Cidade de Gaza, e tentar matar os integrantes do Hamas. "Para diferenciá-los dos civis, será preciso interrogar os suspeitos. Temos um serviço de inteligência, o Shin Bet, que usará fotos dos militantes do Hamas e trabalhará em cooperação com as IDF", disse ao Correio Braziliense.

O especialista antecipa que a existência de uma rede de túneis sob a superfície de Gaza se impõe como o principal desafio à ofensiva terrestre. "Eles podem sair dos túneis como elementos surpresa. Os combates serão travados em uma área urbana", advertiu Inbar. Ele aponta o uso de mísseis antitanque, por parte do Hamas, como uma das maiores ameaças à incursão das IDF.

Ghazi Hamad, membro do Gabinete Político do Hamas e um dos líderes da facção, disse que as tropas israelenses estão "se afundando" dentro de Gaza. "Como não podem ameaçar os combatentes das Brigadas Ezzedin al Qassam, eles retaliam contra os civis. Os soldados de Israel estão sofrendo grandes baixas em Gaza; a resistência é muito forte e está, inclusive, capturando tanques", assegurou ao Correio Braziliense, por telefone. "Os soldados de Netanyahu pagarão um alto preço em Gaza."

Fonte: Correio Braziliense