Meirelles nega ter comparado governo de Lula a Dilma
Agentes do mercado reagiram mal à possibilidade de o petista indicar ex-ministros do governo da ex-presidente
O clima entre o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o mercado financeiro “esquentou” após o petista fazer declarações minimizando “a tal responsabilidade fiscal”, na sua primeira visita ao Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, sede do governo de transição. A reação negativa foi imediata, em um claro sinal de descontentamento dos agentes financeiros pela falta de definição de Lula sobre quem comandará a equipe econômica.
Lula já avisou que só tratará de nomes para o futuro ministério depois que retornar da Conferência do Clima — COP27 —, no Egito, mas os agentes do mercado reagiram mal à possibilidade de o presidente eleito indicar nomes como os ex-ministros petistas Guido Mantega, Aloizio Mercadante e Fernando Haddad. Em entrevista à Globonews, Mantega disse que não será ministro novamente.
Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda do governo Michel Temer (MDB) e ex-presidente do Banco Central no governo Lula – uma das apostas do mercado para chefiar a Fazenda a partir de 2023 – minimizou a repercussão da comparação de Lula com Dilma. Ao Correio Braziliense, ele assegurou que a informação “não procede”. “Saindo de uma reunião destas, cada um dos 30 participantes fala o que quer”, afirmou.
Os rumores de uma possível repetição do governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) ocorreram após evento fechado do banco BTG Pactual, que teve algumas frases vazadas entre operadores. Meirelles teria admitido estar “mais pessimista” após as declarações do presidente eleito que, segundo ele, indicam um direcionamento parecido com o que foi o governo da ex-presidente Dilma.
“O Lula estava fechado, não dizia nada, não queria desagradar ninguém. Hoje, começou a falar. Aí, ele começou a sinalizar uma direção à Dilma. Ele está fazendo uma opção que é a mais fácil, de agradar lá dentro”, disse Meirelles, em declaração registrada em relatório que circulou entre os agentes de mercado, apontando que o presidente eleito “ainda pode corrigir o rumo e abrir um espaço um pouco maior para as pessoas que têm mais bom senso”. O maior problema apontado por Meirelles “não será o ajuste de 2023, mas o de 2024 em diante”. E apontou o caminho: “eu acho que tem solução, que é a reforma administrativa”.
Fonte: Jornal Opção