O drama do goleiro Barbosa e a luta contra o racismo no esporte

Nos dias atuais o racismo ainda é um problema nas modalidades esportivas

O drama do goleiro Barbosa e a luta contra o racismo no esporte
Copa do Mundo de 1950© Arquivo Nacional /Esportes: Livro sobre Barbosa mostra racismo enraizado no futebol brasileiro Negro, goleiro da Copa de 50 foi apontado como vilão de vice Mundial

O racismo nos esportes é um problema que ainda persiste. O caso trágico do goleiro Moacyr Barbosa Nascimento, da seleção brasileira na Copa de 1950, é uma prova disso. Em “Desculpas, Meu Ídolo Barbosa”, de autoria do historiador e doutor em Ciências Sociais Jorge Santana, é mostrado como Barbosa foi vítima de um grande cancelamento, antes mesmo de surgir o termo, mas também vítima de racismo.

O episódio de Barbosa reflete a realidade do racismo no Brasil com a aprovação da Lei Afonso Arinos, a primeira a criminalizar o racismo no país, em 1950, também envolvendo a artista norte-americana Katherine Dunham, negra, que teve a hospedagem negada em um hotel cinco estrelas de São Paulo. Além disso, o jornalista Mário Filho (que dá nome ao Maracanã) publicou, em 1964, uma segunda edição de “O Negro no Futebol Brasileiro”, livro cuja versão original é de 1947, três anos antes da derrota.

Infelizmente, o racismo não abandonou a modalidade mais popular do país. De acordo com o Observatório da Discriminação Racial no Futebol, foram comprovadas 90 situações de racismo em arquibancadas e gramados brasileiros no ano passado. Um dos casos mais emblemáticos ocorreu em 2014, quando o hoje ex-goleiro Aranha, então no Santos, foi chamado de macaco por torcedores do Grêmio na partida de ida entre as duas equipes, em Porto Alegre, pelas oitavas de final da Copa do Brasil.

Além disso, o Regulamento Geral de Competições da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) passou a indicar, para este ano, punição a casos de discriminação, variando de advertências a perda de pontos. A nova Lei Geral do Esporte também prevê multa de R$ 500 a R$ 2 milhões em episódios de racismo, homofobia, sexismo e xenofobia em eventos esportivos.

Porém, para combater o racismo nos esportes, é preciso mais do que punições. Segundo o historiador, é necessário que se façam ações como palestras sobre racismo para jogadores da base, que clubes trabalhem junto aos torcedores e que sejam implementadas políticas permanentes de luta contra o racismo, e o machismo .

Infelizmente, Barbosa não recebeu um pedido de desculpas em vida. Mas, mesmo assim, é dever de todos nós lutar contra o racismo nos esportes e trazer dignidade para todos os jogadores. O Brasil deve se orgulhar de todos os seus atletas e garantir que, na próxima Copa do Mundo, todos sejam tratados com o devido respeito.