Rio Araguaia e o corredor ecológico da onça-pintada
O Rio Araguaia abriga um importante ecossistema ecológico, conhecido como "corredor da onça", com aproximadamente 3 mil quilômetros de extensão e mais de 5 mil animais da espécie.
O Rio Araguaia abriga cerca de 3 mil quilômetros do que é conhecido como o "corredor da onça", um corredor ecológico com mais de 5 mil animais da espécie. De acordo com o Instituto Onça-Pintada (IOP), que está à frente do projeto, mais de mil quilômetros desse corredor estão no estado de Goiás, incluindo cidades como Aruanã e Luiz Alves.
O biólogo Leandro Silveira, fundador do IOP, explica que é essencial preservar e proteger o habitat dos animais para manter o equilíbrio do corredor da onça.
O fundador do IOP, o biólogo Leandro Silveira, explicou à reportagem do g1 que esses corredores são fundamentais para a preservação das onças. Ele destacou que, sem corredores, as populações destes animais poderiam entrar em extinção devido à consanguinidade genética. "Os animais vão cruzando parentes com parentes, vão nascendo com problemas reprodutivos e acabam sendo extintos por questões genéticas”, explicou.
Leandro ressaltou, ainda, que o corredor depende do cumprimento de forma integral do código florestal e da Lei de Proteção à Fauna. "Cerca de 70% do corredor da onça está em áreas de reserva legal das propriedades ou das unidades de conservação, as áreas protegidas. Tem 57 áreas protegidas ao longo do corredor, entre terras indígenas e parque nacional", disse. Além disso, o biólogo destacou que a legislação ambiental precisa ser seguida rigorosamente, para que se possa ter agricultura e pecuária mais sustentáveis.
O biólogo Edson Abrão explicou que um corredor ecológico pode ser feito com uma faixa de vegetação composta por árvores e plantas rasteiras, oferecendo segurança aos animais para se locomoverem entre as matas. No caso do “corredor da onça”, o Rio Araguaia é que funciona como corredor para os animais. Ainda segundo Abrão, a falta de transição entre as áreas pode causar cruzamentos entre parentes, gerando problemas genéticos.
O procurador da República Guilherme Tavares informou ao G1 que o Ministério Público Federal (MPF) contribui na regulação do "corredor da onça", através da criação de planos de manejo e acompanhando obras realizadas no local. Além disso, o órgão se empenha em encontrar soluções junto a proprietários rurais para conscientizá-los sobre a importância do corredor.
Todo ano, durante a Temporada do Araguaia, a região do rio recebe milhares de turistas. O fundador do IOP garantiu que o corredor não oferece riscos a quem passeia no local, e que existe um plano para implementar um projeto de observação das onças. “Não é comum essa espécie de onça atacar pessoas. Por isso, queremos implementar o turismo de observação de onças, de forma que as pessoas possam obter rendimentos com o ecoturismo e, desta maneira, contribuir para a preservação desses animais”, concluiu Leandro Silveira.