Uso de vape já é considerado epidemia e há preocupações com efeitos de longo prazo na saúde; entenda
Estudo acompanhará jovens ao longo de 10 anos para entender melhor a situação atual, especialista explica e alerta sobre vício
Um novo estudo encomendado pelo governo britânico irá investigar os impactos do uso de cigarros eletrônicos, conhecidos como vapes, especialmente entre adolescentes. A pesquisa vai durar dez anos e faz parte de uma campanha para alertar os jovens sobre os perigos do vaping, que tem ganhado popularidade de forma preocupante. De acordo com o médico nutrólogo e intensivista Dr. José Israel Sanchez Robles, o estudo visa entender os efeitos a longo prazo desses dispositivos, que muitas vezes são vistos como uma alternativa "segura" ao cigarro tradicional, no entanto, os potenciais riscos associados ao seu uso ainda não foram completamente elucidados.
“Embora o uso de cigarros eletrônicos (vaping) seja visto como uma estratégia auxiliar na cessação do tabagismo em adultos, seu consumo indiscriminado é preocupante. Evidências indicam que muitos jovens são atraídos pelos aromatizantes e sabores adocicados presentes nos dispositivos, subestimando os potenciais riscos à saúde. Além disso, há preocupações sobre os efeitos deletérios do vaping no desenvolvimento neurológico e no sistema respiratório de adolescentes, cujo organismo está ainda em fase de maturação”, afirma o especialista.
Recentemente, a cidade de Nova York chegou a processar empresas de cigarros eletrônicos, acusando-as de contribuir para uma "epidemia de vaping" entre jovens. As empresas são acusadas de marketing agressivo direcionado a adolescentes, além de não alertarem adequadamente sobre os riscos associados ao uso desses produtos. A ação judicial busca responsabilizar os fabricantes pelo aumento do vício em nicotina entre os jovens, que muitas vezes começam a usar vapes sem conhecer os danos potenciais.
Ainda de acordo com José Israel, o vaping tem sido associado a problemas de saúde graves, como lesões pulmonares e dependência química. “Os cigarros eletrônicos são frequentemente divulgados como uma alternativa potencialmente menos prejudicial ao tabaco convencional. No entanto, é fundamental que a população compreenda que seu uso não é isento de riscos. A ausência de uma regulamentação rigorosa em diversos países possibilita a comercialização de produtos de procedência e composição questionáveis, expondo os consumidores a potenciais danos à saúde”, pontuou.
Vale lembrar que, no Brasil, o vape é proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 2009, impedindo a sua comercialização, importação, propaganda, fabricação, transporte e armazenamento, porém, não é o que acontece. É sabido que em diversas partes do país é possível comprar vapes facilmente, mas a venda desses cigarros eletrônicos pode ser punida com detenção de 2 a 4 anos ou multa.
Enquanto isso, conforme afirma José Israel, o vape continua sendo uma ameaça significativa para a saúde dos jovens. “Campanhas de conscientização representam estratégias essenciais no enfrentamento desse problema. No entanto, é fundamental investir em pesquisas adicionais e no fortalecimento da regulamentação proibitiva no Brasil, a fim de mitigar os riscos associados ao uso de cigarros eletrônicos e resguardar a saúde das futuras gerações”.